Os Jogos Olímpicos de Verão Paris 2024 chegaram ao fim, mas o espírito olímpico continua a evoluir. Com um ciclo Olímpico reduzido para três anos, estamos a apenas um ano da estreia dos Jogos Olímpicos Eletrônicos em 2025. Este curto intervalo desafia não apenas os atletas, mas também as entidades de gestão esportiva a se prepararem para essa nova era.
Estamos testemunhando uma mudança na forma como os esportes entram no movimento olímpico. Tradicionalmente, modalidades surgem, formam ligas, federações nacionais e internacionais, até finalmente serem incorporadas aos Jogos. No entanto, com os Jogos Olímpicos Eletrônicos, vemos uma inversão desse processo, onde o topo da pirâmide esportiva está introduzindo novas modalidades.
Quando o Barão Pierre de Coubertin idealizou os Jogos Olímpicos da Era Moderna em 1896, muitos duvidaram de seu sucesso, resistindo ao novo. Hoje, essa resistência se repete com os Jogos Olímpicos Eletrônicos, tanto do lado do esporte tradicional quanto dos esportes eletrônicos. Em uma discussão recente, um organizador de eventos de jogos eletrônicos comentou: "Nós não precisamos das Olimpíadas!" e questionou se os atletas participariam apenas por uma medalha. Isso reflete uma cultura de premiação monetária predominante nos esportes eletrônicos.
Entretanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não busca controlar os esportes eletrônicos, mas sim criar uma nova vertente para atrair a geração Z, assim como fez com a criação dos Jogos Olímpicos da Juventude e a inclusão de modalidades como skate e surf. O COI já deixou claro que as federações internacionais com versões eletrônicas de seus esportes serão os primeiros parceiros na inclusão dessas modalidades nos Jogos Olímpicos Eletrônicos.
Durante a Semana Olímpica de Esports 2023 em Singapura, vimos um evento teste com a participação de várias federações internacionais. Entre os esportes e softwares homologados, tivemos:
Automobilismo (FIA): Gran Turismo
Baseball (WBSC): WBSC eBaseball
Ciclismo (UCI): Zwift
Taekwondo (World Taekwondo): Virtual Taekwondo
Tênis (ITF): Tennis Clash (desenvolvido no Brasil)
Tiro com Arco (World Archery): Tic Tac Bow
Tiro Esportivo (ISSF): Fortnite
Vela (World Sailing): Virtual Regatta
Xadrez (FIDE): Chess.com
Ainda não está definido se essas modalidades serão as oficiais, mas alguns exemplos indicam a flexibilidade e adaptação que podemos esperar. A UCI, por exemplo, após três anos utilizando a plataforma Zwift, fechou um acordo com a MyWoosh para os campeonatos mundiais de ciclismo virtual de 2024 a 2026.
Quanto ao PHYGITAL (físico + digital), acredito que este conceito vai contra a virtualização completa das modalidades. No triathlon, por exemplo, temos um cenário híbrido com a natação sendo realizada em uma piscina, complementada por rolos de treinamento e esteiras.
Sobre os jogos mais populares como Counter Strike, Call of Duty, Valorant e League of Legends, o COI já sinalizou que jogos que contrariam o espírito Olímpico, como aqueles com simulação de guerra, não estarão presentes. No entanto, adaptações são possíveis, como vimos com Fortnite, que transformou o jogo em um desafio de tiro ao alvo.
E o Brasil, onde se encaixa nesse cenário? Estamos tecnicamente preparados para competir em 2025 (matéria) , mas ainda precisamos de uma melhor estrutura de suporte para nossos atletas. Com um suporte adequado, podemos alcançar grandes conquistas em modalidades como automobilismo, vela, taekwondo, tênis de mesa, ciclismo, remo e triathlon caso estas modalidades sejam confirmadas.
Para isso, precisamos superar preconceitos e adotar a cultura de premiação nos esportes eletrônicos dentro do movimento olímpico brasileiro. Schubert Abreu
Idealizador das Competições Virtuais Brasileiras
Oficial Ténico Nível 2 | World Triathlon
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